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Evidence for Quela

1 pieces of evidence found.

Id DLP.Evidence.732
Type Ethnography
Location 10°44'6.79"S, 14°58'52.52"E 12°11'45.57"S, 15°51'17.32"E
Date 1969-01-01 - 1969-12-31
Content "2.2.3—Quela, dos Quibalas (Informadores: soba grande Sebastião Dumbo, da banza Catúmbi, soba António Quinjango e os velhos Trinta, Chico e Chiombo, da sanzala Catamba; os velhos Deniel Costa e José Brandão, da sanzala da Missão.), Bailundos e Dembos. Este jogo é idêntico ao Tchela, dos Quiocos (notar a semelhança da pronúncia dos nomes). Difere em não ter cabeças, no número de pedras por jogador e nas primeiras jogadas.... A confusão do nome é compreensível e aceitável porque os Quibalas designam também o jogo pelo nome das sementes, mas o seu nome verdadeiro é o dado ao tabuleiro—Quela. O Quela foi tembém praticado pelos Bailundos (veja p. 55), mas já foi esquecido. Contactámos com o soba grande Candimba e com vários velhos da zona. Todos se lembram do jogo, que era igual ao dos Quibalas, e de ele ter sido muito praticado no tempo do pai e do avô do actual soba, e por eles próprios, mas há muito tempo que não está em uso. Um dos informadores disse que talvez ainda se encontrasse alguém que o soubesse jogar na área da Epila, junto do rio Cunhangama, afluente do Queve. Este essquecimento do jogo explica-se por os Bailundos se encontrarem profundamente desarreigados das tradições tribais, em consequência da sua intensa emigração, como contratados, para outras regiões, em especial para as fazendas de café do Norte. O mesmo sucede com os Huambos e os Quiacas, que tembém praticaram um jogo igual ou idêntico, mas que presentamente o desconhecem. Quadrícula—4 x 6 e 4 x 7. Tabuleiro— De madeira. São designados por <>, nome do jogo. Existe um por sanzala, propriedade tradicional do soba, que passa de geração em geração, e que é utilizado por todos os homens, que geralmente jogam com o soba ou na sue presença. É interdita a existência doutros tabuleiros. Tivemos a confirmação prática deste uso, ao depararem-se-nos sérias dificuldades na aquisição do tabuleiro do soba grande Sebastião Dumbo (foto 14) , quando nos informaram, em grande segredo, que talvez fosse possível conseguir o do velho Francisco Candamba, que o tiunha escondido (foto 26a). O tabuleiro encontra-se sempre colocado sobre um aflormento granítico (muito abundantes mesmo dentro da área das sanzalas) , suficientemente espaçoso para a prática do jogo e seus assistentes, situado em frente da casa do soba, de fundo para o ar, exposto ao sol e à chuva. Por esta razão, os tabuleiros antigos encontram-se smepre muito deteriorados. Os três tabuleiros observados têm todos a mesma forma básica: o rectângulo da quadrícula é sobreelevado em relação aos bordos e contornado por uma aba, que alarga nas extremidades, e que serve se dépositos (foto 27). Como recurso, não havendo tabuleiro, podem abrir uma quadrícula no chão. Casas-Podem ser circulares ou quadrangulares. Depósitos— Não existem depósitos, propriamente ditos. Pedras— São utilizadas sementes ósseas, quase pretas, a que chamam lasseta, dum arbusto espinhoso a que dão o mesmo nome. O número de pedras por jogador é igual ao dobro de casas por linha. No início do jogo, as pedras são dispostas, aos pares, nas casas da linha exterior, esta distribuição tem exclusivamente por fim a verificação do número de pedras em jogo. De notar ume particularidade curiosa: as pedras do jogo da banza do Catúmbi estavam guardadas no crânio duma hiena, colocado sobre o tabuleiro (foto 14). Segundo informação do soba grande, é hábito guardar as lassetas em crânios de hiena, onça ou leão, mas não conseguimos obter qualquer explicação para este costume. Sentido—Directo. Casas de mão— Têm de pertencer ao campo do jogador e não podem ter uma só pedra enquanto houver outras com mais do que uma. Distribuição da mão— A forma de distribuir a mão segue a regra geral desde que se considere na fase inicial do jogo uma quadrícula limitada pela supressão dumas casas, com uma só excepção. Vejamos como se procede: Fase inicial: após a distribuição das pedras, aos pares, pela linha exterior, os dois jogadores procedem ao arranjo arbitrário das suas pedras, geralmente só nesta linha; quando se ocupam casas da linha interior é com uma só pedra. Por regra, o maior número de pedras é sempre colocado na casa da extrema esquerda da linha exterior de cada jogados, casa a que chamam uté (cabeça). Após este arranjo, inicia-se o jogo, sem se considerarem as pedras e as casas da ou das colunas em que cada jogador tem mais do que duas pedras (no caso da figura 26, as casas A1,a1, A7,a7, B7, e b7; no da figura 27, as casas A1, a1, A7,a7, B1,b1, B7 e b7). Após ser comido o par inicial a um jogador, este começa o seu lanço pela casa com maior número de pedras (sempre a1 ou b7), distribuindo-as de forma usual, sem considerar as casas da coluna da outra extremidade, se nela houver um grupo de mais de duas pedras, deixando ficar uma pedra na casa de mão (excepção). Se houver ainda outro grupo inicial com mais de duas pedras, só será desfeito quando desparecem os pares desse parceiro. Depois de desfeitos os grupos inciais com mais de duas pedras designados por uté o jogo segue as regras gerais. Jogadas— Podem ser movimentos compostos. Comer— Segue a regra do Tchela. Variantes— É permoitifo fugir como no Tchela. As diversas disposições das pedras no início do jogo, propriamente dito, não se podem considerar como variantes. Tradições— Não se conhecem. Interdições— Não se conhecem. Prática— Jogo de homens, praticamente só velhos o sabem jogar, não havendo, no entanto, qualquer proibição para os homens e para os rapazes. O mesmo não sucede com as mulheres, pois dizem <>" Silva 1995: 97-101.
Confidence 100
Source Silva, E. R. S. 1995. Jogos do quadrícula do tipo mancala com especial incidência nos praticados em Angola. Lisbon: Instituto de investigação cientifica tropical.

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